Lenda de São Martinho
No século IV depois de Cristo, regressava um cavaleiro romano à Gália (hoje França), depois de grande jornada.
Nascido na Savária – terra da atual Hungria, e, então, parte do Império Romano – o militar era filho de um comandante romano, tendo crescido em Pavia (atual Itália). De origem pagã, tinha-se convertido ao Cristianismo quando adolescente, passando a desenvolver intensa atividade religiosa.
Em dia de grande tempestade, foi abordado por um pedinte.
Não trazendo com ele comida ou dinheiro, o cavaleiro, apiedado, pegou na sua espada, cortou ao meio a sua capa vermelha e deu metade dela ao pobre homem.
Então, a chuva parou, cessou a trovoada, dissiparam-se as nuvens e o sol brilhou cintilante.
E o cavaleiro seguiu o seu caminho.
Quando se acostou para descansar, sonhou.
Sonhou com Cristo. O Filho de Deus vestia a metade da sua capa e apontava-o a um grupo de anjos:
– Foi São Martinho catecúmeno* quem me agasalhou.
Percebeu então Martinho que tinha sido abençoado por Jesus e rezou pelo acontecido.
E o tempo manteve-se bom durante 3 dias.
Martinho glorificado continuou a sua viagem, sendo então batizado.
Ganhou fama de muito milagreiro e foi ordenado bispo, sendo o mais afamado dos Santos durante a Idade Média na zona da Gália. A França muito lhe deve em obras realizadas…
A festa de São Martinho celebra-se a 11 de Novembro, dia em que terá sido sepultado em Tours. Esta altura do ano é uma época de transição, depois do período do culto a Todos os Santos e aos Finados, em que se terminam os trabalhos agrícolas e se abrem as adegas e celeiros, sinónimo de fartura. Por todo lado se fazem magustos e celebrações.
Dizem as gentes…
“S. Martinho, castanhas e vinho”
e
“No dia de S. Martinho, vai à adega e prova o vinho” (vinho novo).
É quase sempre altura de tempo ameno, o que, segundo alguns, se deve à benção recebida por Martinho quando ofereceu o abrigo da sua capa rasgada a Jesus – 3 dias de Verão após a tempestade. Em França, diz-se que à passagem do seu cadáver até ao túmulo, as plantas nasciam e floriam, os pássaros cantavam, os aromas rescendiam, cantando a natureza loas à sua santidade, num percurso de 114 km a que hoje se chama “Le Chemin de l’Été de la Saint Martin”.
De um modo ou outro, assim nasceu a expressão “Verão de S. Martinho”. E mais uma vez, diz o povo…
“Verão de são Martinho, três dias e um bocadinho…”
Em Portugal, S. Martinho é orago de muitas paróquias, mas não deve ser confundido com S. Martinho de Dume, que foi Bispo de Braga.
São Martinho de Tours é patrono dos alfaiates, dos cavaleiros, dos pedintes, dos trabalhadores da restauração, dos produtores de vinho, dos ex-alcoólicos, dos soldados, dos cavalos, dos gansos (era costume comer-se a oca no seu dia), etc. Depois de ler a sua história, que cada um entenda à sua maneira…
*Catecúmeno: referente a um noviço, ainda não batizado.
Filipa nasceu em Moçambique em 1987, em 2005 muda-se para o Porto, onde mais tarde vem a terminar o mestrado de Arquitecta na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. Viveu em Madrid, onde tirou outro mestrado em Design Estratégico e hoje vive e trabalha entre Moçambique e Portugal.
O seu trabalho como “Missphips” é motivado por um desejo de usar a ilustração e o design para criar momentos surpreendentes, produtos e espaços para as pessoas, onde elas podem brincar, viver e aprender. O seu trabalho inclui livros ilustrados, trabalhos manuais, murais, renovação de espaços e alguns workshops.
O São. Martinho
Ele mesmo.