A história de São Nicolau ou o nascimento do Pai Natal

de são nicolau ao pai natal

Parece simples a receita para fazer um Pai Natal, mas há que ir buscar os ingredientes ao longo da história. Precisamos de um santo generoso, São Nicolau, de um poema e de uma marca de refrigerantes. O resultado fica ao gosto de cada um.




Quem é afinal o famoso Pai Natal? Esta é a sua história que é feita de muitas histórias.

Dizia-se há muito, muito tempo, que era a figura poderosa de Odin, deus entre os povos germânicos, mas foi a vida e imagem de um santo cristão que deram origem à figura bonacheirona que hoje tão bem conhecemos.

O patriarca Metódio I de Constantinopla foi o autor, em 842, do documento mais antigo sobre os milagres atribuídos a São Nicolau de Mira ou Bari.

E há tantas histórias para contar…

O santo generoso

Nicolau nasceu em Patara, na Ásia Menor (atual Turquia) no século III depois de Cristo, em pleno domínio romano. Pertencia a uma família de cristãos abastados.

Logo à nascença, mostrou sinais de estar fadado para grandes obras: na hora do batismo, Nicolau ergue-se na pia batismal sem ajuda e fica de pé durante 3 horas, recebendo a água benta!!!!!!

Começou a fazer jejuns muito cedo: diz-se até que, desde o nascimento, só mamava uma vez às quartas e sextas feiras e depois de os pais terem feito as suas orações!

Cresceu casto e humilde e foi muito milagreiro (e por isso é chamado Taumaturgo ou Fazedor de Milagres).

E era uma vez um comerciante falido que queria casar as 3 filhas, mas, coitado, não tinha dinheiro para o enxoval das moças.

Ora Nicolau, sabendo desta história, dirigiu-se à casa onde viviam e, pela janela aberta e sem ser visto, lançou para dentro um saco cheio de ouro e prata e afastou-se, discretamente.

O saco caiu perto da lareira que estava cheia de meias penduradas a secar.

O mercador encontrou o saco cheio de riquezas, e, felicíssimo, pode comprar um belo enxoval para a mais velha das filhas e casá-la.

São Nicolau estava atento e, quando as outras duas raparigas chegaram à idade de casar, fez a mesma dádiva. Só que à terceira vez o homem, vigilante, apanhou-o em flagrante e, reconhecido, agradeceu-lhe. São Nicolau escusou-se, dizendo que havia que estar grato a Deus.

Alguns dizem que a história não é bem assim e que o mercador, desesperado pelo estado de pobreza em que se encontrava, pensava, já em último recurso, em prostituir as três filhas. São Nicolau terá ajudado então a desgraçada família.

Quando ficou órfão de pai e mãe, o tio mandou-o em viagem até à Terra Santa, jornada longa e perigosa. Mas Nicolau, muito crente, desejava percorrer o chão que Jesus Cristo tinha trilhado e lá embarcou incógnito num navio egípcio.

Na primeira noite do percurso, sonhou que se aproximava um forte temporal. Imediatamente avisou os companheiros, dizendo-lhes que não temessem, pois Deus os protegeria.

Logo em seguida, rebenta sobre o mar uma violenta tempestade. O céu rugia. A chuva caia em cataratas. Raios e trovões sucediam-se sem parar. Encharcados e angustiados, marinheiros e viajantes temiam pelas suas vidas. Um dos marinheiros caiu de um dos mastros e pereceu.

Mas São Nicolau estava lá. E ajoelhou e rezou, pedindo a Deus pelas suas almas. Então Deus, apiedado, acalmou a violenta tormenta.

Porém, os marinheiros ainda choravam o camarada morto. São Nicolau aproximou-se do corpo e o homem levantou-se, como se estivesse apenas adormecido. E puderam prosseguir a jornada, maravilhados e agradecidos pelo acontecido

Amigo dos marinheiros, era por estes venerado. Por ocasião de uma grande tempestade no mar da Turquia, os tripulantes de uma embarcação em perigo rogaram-lhe ajuda, rezando pelo patrono. São Nicolau acudiu e auxiliou-os com a aparelhagem do navio, até que se salvaram.

Chegado a Jerusalém, Nicolau desejava intensamente rezar na Igreja do Cenáculo da Última Ceia, no Monte Sião, mas esta encontrava-se trancada a sete chaves. O Santo aproximou-se das grandes portas e estas abriram-se à sua passagem, permitindo-lhe o acesso. E ele persignou-se, agradecendo.

Depois da viagem a Jerusalém, foi viver para Mira, também na atual Turquia.

Doou então todos os seus bens e passou a viver em completa pobreza.

Morre então o bispo de Mira, sem haver um sucessor apropriado. Os anciões da terra não sabiam quem nomear para o cargo e resolveram colocar o assunto nas mãos de Deus e esperar.

Nessa noite, o mais velho dos velhos deitou-se, adormeceu e sonhou. E Deus, dentro dos seus sonhos, ordenou-lhe que sagrasse como futuro bispo da terra o primeiro homem que entrasse na igreja no dia seguinte.

Ora São Nicolau tinha hábitos matinais e como de costume, dirigiu-se ao templo para fazer as suas orações. Foi o primeiro a chegar e conforme Deus tinha determinado, tornou-se bispo de Mira.

Ao entrar na sua igreja surpreendeu, um dia, uns quantos hereges que queriam roubar as hóstias sagradas. São Nicolau, sem receios, dirigiu-se aos gatunos e transformou as hóstias em pão. Os larápios, maravilhados com o milagre, logo ali pediram que o Santo os abençoasse e converteram-se ao cristianismo.

Mais milagres

São Nicolau viajava muito em peregrinação ou para acudir os necessitados. E de tudo se apercebia.

foto: St. Nicholas Center
São Nicolau salvou os viajantes

Conta-se que, numa zona onde grassava uma fome intensa, um cruel estalageiro hospedou três jovens viajantes ricos.

Pela calada da noite penetrou no quarto onde dormiam e matou-os.

Depois, com a ajuda da esposa, cortou-os em mil pedacinhos e lançou-os numa salgadeira, para vendê-los mais tarde como alimento.

São Nicolau viu em sonhos o terrível episódio e dirigiu-se, ligeiro, à hospedaria, interpelando os criminosos. Estes, arrependidos da vil ação, pediram o perdão do Santo. Então, os fragmentos de carne salgada reuniram-se novamente e os moços saíram incólumes da salmoura, lançando-se aos pés do milagreiro e pedindo-lhe a sua bênção.

Diz-nos a lenda que, nos anos 311 ou 312, a zona de Mira passou por um período de forte escassez. Não chovia, o trigo secava sem formar espiga, os poços secavam…

O povo começou a alimentar-se de bichos que achavam peçonhentos e a beber as poucas gotas de orvalho. Para piorar a situação, viam-se do porto barcos romanos carregados de cereais vindos de Alexandria, fortemente guardados por ordem do imperador.

A tripulação das embarcações, perante os rogos dos desafortunados sedentos e famintos, pegou em armas para defender a carga dos navios, pois todo o cereal estava destinado a Constantinopla.
De repente, estala uma grande tempestade e começa a chover.

O povo agradeceu a dádiva da água, mas a fome continuava a apertar. Os infelizes murmuravam e São Nicolau tentava acalma-los dizendo que a ajuda viria por mar.

Mas não havia vento e a populaça desesperada não tinha já força para remar até aos barcos, apesar de quase se sentir o aroma do trigo. Os mais ricos ofereciam dinheiro, muito dinheiro, mas de nada servia. Era a desgraça total!

São Nicolau desceu então até ao mar e com um aceno chamou o comandante da frota. Este aproximou-se. As mulheres chorando, mostravam as crianças com fome e ofereciam-se dinheiro e presentes. Mas o comandante não cedia.

O santo avançou:

– Como vedes, estamos desesperados. Dai-nos um pouco do vosso trigo, para que se possa matar a fome às crianças. Não vos arrependereis!

O comandante, acabrunhado, responde:

– Senhor, também nós temos família para alimentar. O que é certo é que todo este trigo está contado e sofreremos todos a ira do imperador, se não entregarmos o estipulado.

Nicolau avançou mais, e declarou com voz firme e imponente:

– Sou eu quem vos diz: dai um saco de trigo de cada um dos vossos três navios a estes desgraçados e prometo-vos que nem um grão faltará quando chegares junto da guarda do imperador.

A voz e a postura de Nicolau era de um homem grande, um homem diferente. E os marinheiros, sucumbindo à sua autoridade, entregaram os 3 sacos de trigo e zarparam do porto de Mira, visto que a tormenta acalmara.

Ficou o santo na praia com os sacos do cereal à sua frente. O povo olhava-o, esperançoso. E ele disse:

– Vinde, mulheres e levai um pedaço de trigo para alimentardes a vossa família.

E entregava em cada par de mãos abertas um punhado de grãos. As mulheres, com a sua preciosa carga, seguiam rapidamente em direção às suas casas, acompanhadas pelos outros elementos da família. E todas se dispuseram a fazer pequenos pães que levavam ao forno, sob o olhar atento dos inúmeros esfomeados.

E, nos fornos acesos, cada pão crescia, crescia, crescia tanto, que mal conseguiam tirá-los de dentro. São Nicolau distribuía mais às crianças, que ficaram regaladas.

Os agricultores semeavam o precioso cereal. E quanto mais o lançavam na terra, mais as suas mãos se enchiam, fartas de abastança.

Os marinheiros romanos não perderam nem um grão de cereal: assim o dissera Nicolau, o Santo generoso. E contando, espalharam este milagre feito por Deus, por intermédio do Seu servo.

Santo milagreiro
O milagre de Mira

Noutra ocasião em que a região teria passado por um período de fome, São Nicolau apareceu em sonhos a um armador que estava a carregar o seu navio num porto italiano.

A visão ordenou ao negociante que rumasse à cidade de Mira e aí deixasse a carga. E no sonho do homem, despejou-lhe nas mãos uma mão cheia de moedas de ouro.

Ao acordar, o mercador incrédulo viu o ouro pesado e sólido e logo navegou para Mira, onde entregou o alimento e contou o que se tinha passado.

São Nicolau era protetor das crianças. Certo dia, passou por uma casa onde ficara só um petiz. O diabo, vigilante, aproveitara a ausência dos pais e disfarçara-se de mendigo. Bateu à porta, pedindo alimento, enganou a criança e estrangulou-a. São Nicolau acudiu então, salvando-a da morte certa.

Na região onde Nicolau peregrinava, havia um povo que fazia culto à deusa Diana. As gentes veneravam Diana, reunindo num certo local onde havia uma grande árvore. Aí se cumpriam os rituais.

São Nicolau soube e baniu o culto da região, mandando cortar a árvore.

O sumo sacerdote do culto, encolerizado com o acontecido, criou um óleo maldito, que contranatura ardia na água e nas pedras. Disfarçado de mulher, dirigiu-se a uns peregrinos que por ali passavam e falou-lhes:

– Felizardos, gostaria de ir convosco ao encontro do santo Nicolau. Mas não posso e por isso, rogo-vos que leveis convosco este óleo e que o espalheis pela sua igreja, em minha memória.

E, rapidamente, desapareceu.

Os romeiros seguiram caminho, mas ao passar por um barquito, foram chamados e cumprimentados por um dos que iam a bordo. E lhes perguntou:

– Que queria essa mulher de vós?

Mostraram-lhe o óleo e contaram o que lhes fora pedido.

Logo lhes foi dito:

– Por Deus, isto é obra da ímpia Diana. Livrai-vos desse óleo nefando! Atirem-no ao mar!

E assim foi feito.

O óleo, em contacto com a água, ardia, ardia, numa labareda gigante…

Os caminhantes assustados debandaram a toda a velocidade e chegando junto do bispo Nicolau, reconheceram-no como o interlocutor da embarcação e agradeceram-lhe a intervenção.

E mais uma vez, São Nicolau lhes disse ser mediador da Misericórdia Divina.

Por se ter negado a abjurar a sua fé em Jesus Cristo, encarceraram-no durante o domínio de Diocleciano, Imperador romano de 284 a 305.

Foi libertado dez anos depois, já sob o domínio do Imperador convertido Constantino e opôs-se, dizem que violentamente “chegando a vias de facto”, às teorias hereges de certos eclesiásticos cristãos durante o Concílio de Niceia. Estes defendiam a teoria “Ariana” que negava que Jesus Cristo fosse divino.

Foi então preso e perdeu a dignidade episcopal.

Mais tarde, os outros bispos sonharam que São Nicolau recebia de Jesus Cristo o Evangelho e da Nossa Senhora, a estola de bispo. Consideraram o sonho um sinal da inocência e santidade de Nicolau e devolveram-lhe o cargo, recusando a doutrina blasfema. Por altura deste episódio terá dito a famosa frase “Que não se permita que o Sol se ponha sobre a nossa ira”.

O imperador Constantino

Por esta altura, enviou Constantino 3 comandantes militares ‒ Nepociano, Urso e Apoio – para uma das províncias romanas amotinadas. A frota romana, encontrando fortes ventos contrários, teve de aportar a uma cidade onde se encontrava São Nicolau. O Santo, conciliador, acolheu os nobres visitantes, tentando evitar algum massacre.

Entretanto, o Cônsul da região condena à morte três militares inocentes. O Santo, ao saber do ocorrido, corre para o local de execução na companhia dos visitantes. Dirige-se ao carrasco, decidido, desarma-o e liberta os três infelizes.

De seguida, e seguido por Nepociano, Urso e Apoio, encaminha-se para a residência do Cônsul e, afastando os guardas romanos, invade os seus aposentos, criticando-o duramente.
Os comandantes romanos acalmam os ânimos e São Nicolau, mais aplacado na sua ira, impõe dura penitência ao corrupto.

Segue então a frota romana o seu caminho e, depois de cumpridas com êxito todas as tarefas incumbidas, regressa triunfalmente a Roma.

Mas, como é sabido, o sucesso traz consigo a inveja. E alguns, descontentes com a boa sorte dos três militares, denunciaram-nos ao perfeito do Imperador por traição.

Constantino, irado com as notícias recebidas, condena-os à morte sem qualquer julgamento.

Os três infelizes amargavam a sua dor, quando se lembraram de São Nicolau. Logo ali ajoelharam e rezaram, pedindo a sua ajuda.

Nessa noite, o Santo aparece em sonhos ao Imperador e ao perfeito, compelindo-os a libertar os três inocentes com a sua autoridade de bispo de Mira.

Ao acordar, o perfeito dirigiu-se ao imperador e contou-lhe o seu sonho. Constantino ficou espantado, já que tinha sonhado o mesmo. Mandou chamar imediatamente os condenados e perguntou-lhes:

– Quais são as vossas artes de magia para enganar-nos nos nossos sonhos?

Responderam-lhe:

– Não somos magos! E somos inocentes!

O imperador, desconfiado, demanda:

– Conheceis Nicolau, bispo de Mira?

Os desafortunados, assombrados com a pergunta, caíram de joelhos, rezando.

E começaram a contar a Constantino tudo o que sabiam dos milagres do Santo.

Este, agradado, disse-lhes:

– Ide e dai graças a Deus pelo perdão que vos dou. E quanto a São Nicolau, que reze sempre por mim e pelo Império.

E assim fizeram, gratos pela vida.

São Nicolau faleceu a 6 de Dezembro, não se sabe bem em que ano.

Festa de São Nicolau

No século VI foi sepultado num santuário em Mira e diz-se que no local logo surgiu uma nascente de água pura. Outros dizem que do seu corpo brotava um líquido de aroma inebriante a que chamaram mirra.

Muito mais tarde, e em período de dominação árabe na zona, São Nicolau apareceu em sonhos a um piedoso padre de Bari, exigindo que os seus restos mortais fossem trazidos para esta cidade italiana. Comunicado o ocorrido às autoridades, logo foram mandadas tropas para Mira. As suas relíquias foram então roubadas pelos soldados e depositadas com grande pompa na Catedral de Bari em 9 de maio de 1087. E foi a partir desta data que a sua devoção se espalhou pela Europa.

A festa de São Nicolau de Mira ou São Nicolau de Bari celebrava-se no dia da sua morte. Eram então distribuídos os presentes à família e amigos, especialmente às crianças, consoante o comportamento de cada um nesse ano.

No século XVI, a Reforma protestante aboliu o culto dos santos, mas a devoção continuou em muitos países. Contornou-se o problema arranjando novos nomes… (Sinterklaas na Holanda ou Pére Noel em França, por exemplo). Sinterklaas segue para o Novo Mundo em 1664 com os emigrantes que fundaram Nova Amesterdão (Nova Iorque) e rapidamente se torna Santa Claus.

Em 1969, a Igreja Católica retira a celebração do calendário oficial, passando-a para o dia de Natal – 25 de Dezembro. É a partir de então que, em Portugal, gradualmente, a atribuição de prendas deixa de ser atribuída ao Menino Jesus e passa a ser competência do Pai Natal.

São Nicolau é então, justamente, o santo mais associado à Generosidade: tal como Jesus Cristo dava sem esperar nada em troca. É conhecido também como o inimigo do diabo e das idolatrias.

É santo padroeiro da Rússia, da Grécia e da Noruega e patrono dos mercadores e dos marinheiros, dos guarda noturnos, dos arqueiros, dos presos, dos ladrões reincidentes, dos escravos, dos prestamistas, dos cervejeiros, dos perfumistas, das raparigas em apuros, dos pobres e das crianças e protetor dos acólitos de Bari.

Em Portugal, é padroeiro dos estudantes de Guimarães, tendo sido criada em 1691 a Irmandade de São Nicolau. Celebram-se nesta cidade as Festas Nicolinas, que são uma das mais antigas tradições académicas do mundo.

A sua imagem aparece representada com embarcações, três bolas/bolsas de ouro ou com o barril com as três crianças ressuscitadas.

Os seus milagres não terminaram em vida. Diz-se que no Natal de 1583, em Espanha, teria atendido as preces de um grupo de crentes numa altura de fome. São Nicolau terá então aparecido e alimentado os pobres que o descreveram como “um senhor de feições muito serenas e de mãos firmes”.

É ainda hoje em muitos locais objeto de grande devoção.


O poema

Já em tempos medievais, em Inglaterra se falava de Christmas ou Father Christmas e, no século XI, algumas cidades inglesas substituem a celebração do Yule – um festival celebrado pelos povos germânicos no Inverno, por Christmas.
Vários autores escrevem sobre este assunto. Por exemplo, em 1652, o poeta inglês Jonh Taylor publica o panfleto satírico The Vindication of Christmas or His Twelve Yeares’ Observations upon the Times. Na capa surge a ilustração do “Natal” com um chapéu abaulado e um casacão.
Christmas ou São Nicolau vai aparecendo em histórias e ilustrações compondo a imagem contemporânea.
O escritor americano Washington Irving, ao fazer, em 1812, uma revisão da sua obra A History of New York adiciona uma sequência onírica em que São Nicolau utiliza um veículo voador.
Em 1823 é publicado por Harriet Butler no jornal Troy Sentinel de Nova Iorque um poema chamado “Uma visita de São Nicolau”.
E em 1844, Clement Clarke More, autor e professor de Literatura Grega e Oriental e de Estudos Bíblicos e Divinos em Nova Iorque, reclama a autoria desta poesia.
Ainda hoje não se sabe bem quem é autor.

 

 

poema visit of st nicholas
visit of st. nicholas

“A VISIT FROM ST. NICHOLAS”

 

‘Twas the night before Christmas, when all through the house
Not a creature was stirring, not even a mouse;
The stockings were hung by the chimney with care,
In hopes that St. Nicholas soon would be there;
The children were nestled all snug in their beds;
While visions of sugar-plums danced in their heads;
And mamma in her ‘kerchief, and I in my cap,
Had just settled our brains for a long winter’s nap,
When out on the lawn there arose such a clatter,
I sprang from my bed to see what was the matter.
Away to the window I flew like a flash,
Tore open the shutters and threw up the sash.
The moon on the breast of the new-fallen snow,
Gave a lustre of midday to objects below,
When what to my wondering eyes did appear,
But a miniature sleigh and eight tiny rein-deer, 
With a little old driver so lively and quick, 
I knew in a moment he must be St. Nick. 
More rapid than eagles his coursers they came,
And he whistled, and shouted, and called them by name: 
“Now, Dasher! now, Dancer! now Prancer and Vixen
On, Comet! on, Cupid! on, Donner and Blitzen
To the top of the porch! to the top of the wall!
Now dash away! dash away! dash away all!”
As leaves that before the wild hurricane fly,
When they meet with an obstacle, mount to the sky;
So up to the housetop the coursers they flew
With the sleigh full of toys, and St. Nicholas too—
And then, in a twinkling, I heard on the roof
The prancing and pawing of each little hoof.
As I drew in my head, and was turning around,
Down the chimney St. Nicholas came with a bound. 
He was dressed all in fur, from his head to his foot, 
And his clothes were all tarnished with ashes and soot; 
A bundle of toys he had flung on his back, 
And he looked like a pedler just opening his pack. 
His eyes—how they twinkled! his dimples, how merry! 
His cheeks were like roses, his nose like a cherry! 
His droll little mouth was drawn up like a bow, 
And the beard on his chin was as white as the snow; 
The stump of a pipe he held tight in his teeth, 
And the smoke, it encircled his head like a wreath; 
He had a broad face and a little round belly 
That shook when he laughed, like a bowl full of jelly. 
He was chubby and plump, a right jolly old elf, 
And I laughed when I saw him, in spite of myself;
A wink of his eye and a twist of his head
Soon gave me to know I had nothing to dread;
He spoke not a word, but went straight to his work,
And filled all the stockings; then turned with a jerk,
And laying his finger aside of his nose,
And giving a nod, up the chimney he rose;
He sprang to his sleigh, to his team gave a whistle,
And away they all flew like the down of a thistle.
But I heard him exclaim, ere he drove out of sight—
“Happy Christmas to all, and to all a good night!”

 

 

E aqui nasce, em palavras, a imagem do Pai Natal.

O autor refere a noite da véspera de Natal, as meias penduradas na chaminé, a chegada de um trenó cheio de presentes puxado por oito renas “mais rápidas que águias” e conduzido por São Nicolau, um velhote muito vivaço. O santo assobia e grita, conduzindo as renas para o telhado da casa e chamando-as pelos nomes. Traja de peles e vem coberto de cinza, carregando o saco dos brinquedos. Os seus “olhos brilhavam”, “as bochechas eram rosadas com alegres covinhas”, o “nariz como uma cereja” e a boca engraçada. A famosa barba é branca como a neve. Tem um cachimbo e o fumo do mesmo envolve-o “como uma grinalda”. O rosto é redondo e a “barriga agita-se quando ri, como uma taça de gelatina” num corpo gordinho e fofo. É o perfeito elfo velhinho e alegre. Pisca o olho a quem o vê, coloca os presentes dentro das meias e parte pela chaminé, desejando Boas Festas.

A marca de refrigerantes

O Pai Natal foi várias vezes desenhado no século XIX. Aparecia magro ou gordo, alto ou baixo, sorridente ou muito sério, por vezes vestido de vermelho, conforme o gosto do ilustrador. A revista Harper’s Weekly publicou ilustrações de Thomas Nast que mostram o Pai Natal lendo as cartas recebidas das crianças com as listas de presentes.

A White Rock Beverages, marca de refrigerantes de Nova Iorque, clama ter sido a primeira marca a usar a imagem do Pai Natal, referindo uma publicação de 1915 no San Francisco Examiner da sua água mineral e outras de data posterior mencionando o seu ginger ale.

Anúncio de Haddon Sundblom para a Coca Cola
O anúncio de 1931 que criou o Pai Natal tal como o conhecemos

Mas foram os publicitários da Coca Cola que criaram a imagem contemporânea do Pai Natal. Em 1920, o personagem aparece num anúncio do refrigerante publicado no The Saturday Evening Post. Contudo, a figura que conhecemos só foi criada por encomenda em 1931 pelo ilustrador Haddon Sundblom. Inspirado pelo poema atribuído a C.C. More, este criou para a marca um personagem simpático e bonacheirão, de grande barba branca, que, conduzindo um trenó puxado por renas entra pelas chaminés das casas e distribui brinquedos pelas crianças, colocando-as no sapatinho ou nas meias penduradas. E tudo isto se passa na véspera de Natal (24-25 Dezembro).

E onde habita o Pai Natal?
Segundo alguns reside nas neves do Pólo Norte, com as suas renas e numerosos duendes.
Outros dizem que vive na Lapónia, na Finlândia.
O endereço para correspondência é:

Santa Claus
FIN-96930 Arctic Circle
Rovaniemi
Finlândia

E acabamos a história, esperando que todos se tenham portado muito bem durante este ano. É que assim, talvez recebam uma visita do Pai Natal…

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