Casais do Termo: turismo rural é ponto verde em Pedrógão Grande

Em Carreiras, no coração do concelho de Pedrógão Grande, há um ponto que teima em manter-se verde. É lá que estão os Casais do Termo e as suas duas casas de turismo rural: a do Retiro e a do Sossego.




Olinda e Domingos Luís, os anfitriões, estavam com expectativas de 2017 ser um ano bom e tinham previsto fazer uma piscina ecológica e um ponto de apoio para auto-caravanas, mas em apenas um dia tiveram de refazer os planos. Os Casais do Termo estão situados no centro da área que ardeu no fogo de Pedrógão Grande. Em apenas 48 horas perderam todas as reservas que tinham. Mas se em toda a região cheira a queimado, quando se chega à casa do Sossego o aroma é a ameixas.

Este é um ponto verde que resistiu no meio do queimado. Há árvores de frutos, vinha, hortas e oliveiras em toda a volta. E o jardim fronteiro à casa continua viçoso, com a relva bem tratada e as flores a emprestar momentos de cor.

A nossa visita foi posterior ao incêndio de 17 de junho. Com esta série de reportagens, mos-tramos que continua a ser possível ter boas experiências na zona afetada. Fazer turismo também pode ser uma forma de solidariedade

O vale mantém-se verde
Os Casais do Termos são um ponto verde

Mas o pinhal em volta está calcinado, as antigas zonas de lazer – onde estavam as redes para deixar o tempo passar – desapareceram. Domingos Luís leva-nos a conhecer a propriedade e diz: “É tudo uma questão de expectativas. Quem já cá esteve vai ter um choque mas quem não conhece vai sentir-se bem”. Quando a notícia do fogo de Pedrógão correu, Olinda e Domingos perderam metade das reservas no primeiro dia e a quase totalidade nos dias seguintes.

Na Casa do Sossego, onde ficámos, o tempo passa devagar. A casa de xisto tem o tamanho certo para uma família e está implantada no vale, por entre as hortas e os pomares do casal. Mas o jardim que lhe é fronteiro é um espaço acolhedor e privado, com uma mesa que se o tempo ajudar servirá para as refeições e onde é extremamente agradável tomar o pequeno-almoço.

pela manhã, o pequeno-almoço é deixado à porta
Um pequeno almoço a preceito

A primeira refeição do dia está incluída no preço. Todos os dias pela manhã, à hora combinada, Domingos ou Olinda deixam um saco térmico com um belíssimo pão fresco, compotas, iogurtes, queijo, fiambre ou o que for combinado. E fruta do pomar, de sabor e aroma intensos, como o comprovo enquanto escrevo, ao sol retemperador da primeira manhã.

Tenho pela frente o jardim e a vinha mais lá ao fundo. A casa está a receber o sol e o xisto a ganhar vida, com os seus tons de castanhos vários a refulgirem e a terem como contraponto os amores-perfeitos do beiral da janela. Ao pequeno telheiro da casa o que empresta cor são as framboesas, a maior parte ainda vermelha de verde, mas algumas já escuras e saborosas.

Domingos Luís mostra-nos a devastação
O fogo adiou os projetos do casal

Senão soubesse do fogo, se ontem não tivéssemos dado uma volta com Domingos, não me aperceberia de que a apenas 100 metros os verdes e as cores dos frutos foram substituídos pelo negro e o ouro das árvores que se perderam.

Há minha volta estão as hortas que estão abertas aos hóspedes. Quem quiser fruta ou quiser cozinhar pode servir-se dos legumes, do tomate e da fruta que por aqui crescem. Está também incluído no preço e Domingos Luís explica porquê. “Nós praticamos apenas agricultura de subsistência, não vendemos o que colhemos e quando temos é com fartura.”

Se preferirem comer fora, uma alternativa é o Café Adega, na aldeia com o mesmo nome, mesmo a seguir à entrada para o IC8. Habitualmente, o café apenas faz petiscos, mas por telefone pode combinar-se uma refeição que será farta, como é costume por esta zona. Domingos Luís poderá pôr hóspedes e café em contacto, mas se tiver um perfil mais autónomo, aqui fica o telefone: 960 452 412.

Olinda e Domingos Luís gostam de conversar e rir.
Dois dedos de conversa na adega

As pessoas são incentivadas a servirem-se da horta nos dias que aqui passarem. À chegada, terão como mimo uma garrafa de Abafado, o vinho doce que o casal também aqui faz. E se gostarem de dois dedos de conversa, serão muito bem-vindos na adega para provar a produção caseira por entre pipos de um vinho que é totalmente biológico e verdadeiro. Mas o vinho e os queijos que se lhe juntam são apenas o pretexto para a ainda mais saborosa conversa.

Porque Olinda e Domingos Luís são bons anfitriões e gostam de conversar e de se rir. Ela enfermeira reformada, ele antigo bancário (entre outras atividades) têm muitas histórias para contar entre dois copos de vinho enquanto não chega a hora do abafado.

À volta, por quilómetros, está tudo queimado. Mas os Casais do Termo são um ponto verde que está à sua espera no coração da área devastada. Pode fazer reserva em várias plataformas (onde terá de procurar por Casa do Sossego e Casa do Retiro) ou através da página dos Casais do Termo no Facebook. Independentemente da época, o preço por casa é de 50 euros por noite. Se for utilizado o sofá-cama, o valor sobre para 62 euros. Nestes tempos de comunicações mais difíceis na zona, o melhor é telefonar diretamente para Domingos Luís: 965 547 819.

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