Em Amieira do Tejo há falos numa capela
Em Amieira do Tejo, no concelho de Nisa, há uma pequena capela onde encontramos falos no Tejo. Não é comum e merece visita atenta, juntamente com o castelo.
Amieira do Tejo é uma pequena povoação nas margens do rio Tejo onde ainda há pouco tempo a barca cruzava as águas do rio. Aqui, encontramos a pequena capela erigida no século XVI em honra de São João Baptista.
A capela ostenta na sua entrada a cruz da Ordem de Cristo e o seu interior é despojado, apenas com um altar em honra do santo. Mas o verdadeiro motivo de interesse está no teto.
O teto está todo ele coberto por caixotões em esgrafito, o que já de si é relevante, uma vez não ser comum a utilização desta técnica em locais tão vastos.
De entre os motivos com elementos vegetalistas, geométricos, figurativos e animais fantásticos, sobressai o caixotão central onde uma mulher aparece rodeada por órgãos sexuais masculinos.
Não se sabe o que terá levado o artista a esgrafitar falos numa igreja, mas a junção da figura feminina e dos falos masculinos sugere um quadro à fertilidade.
Sendo esta a descoberta mais surpreendente que o visitante encontra em Amieira do Tejo, o seu castelo é também ele de visita obrigatória.
Foi mandado erigir em meados do século XIV pelo frei D. Álvaro Gonçalves Pereira, prior do Crato e pai de D. Nuno Álvares Pereira, o Condestável.
Fazendo parte integrante da linha de defesa do Tejo, com o castelo de Belver e o de Almourol, entre outros, não está no entanto erigido na mais alta das elevações que circunda Amieira do Tejo nem sobre a margem do rio.
A explicação é muito simples. D. Álvaro Gonçalves Pereira mandou construir o castelo para sua residência, e aí habitou alguns anos. Mais do que um posto defensivo, era a casa da família e, por isso, não necessitava de ocupar uma posição estratégica.
O castelo é muito interessante pela sua planta, mas também por ainda ter vestígios de frescos em duas torres. Já muito esvanecidos por causa do reboco colocado nas obras de restauro de 1922, os frescos representam personagens a cavalo e guarnecidos de armaduras, bem como peões com o que parecem ser estandartes.
A torre de menagem foi recentemente recuperada e nela se pode ver uma pequena exposição sobre o castelo e fotos antigas com pessoas de Amieira do Tejo. Na exposição, além de painéis explicativos, está patente uma maquete da torre de menagem.
É pela torre de menagem que se tem acesso à muralha e às outras torres, completando-se o quadrilátero que é o castelo. É pequeno, mas muito interessante.
Um castelo onde viveu D. Nuno Álvares Pereira e que tem frescos com motivos militares e uma capela onde no teto há mulheres e falos. É preciso mais para que marque Amieira do Tejo no GPS e parta?