Tempos houve em que, na Madeira, o diabo aparecia sob a forma de Cavalum.
De aspecto terrível, o Cavalum assemelhava-se a um grande e ruidoso cavalo, com enormes asas de morcego. As suas ventas roncavam e deitavam fogo, aterrando as populações das zonas onde passava.
Ora, andando este aborrecido e desejoso de novidades, bateu à porta da igreja de Machico e aí, propôs um desafio a Deus.
Com a brutalidade e irreverência de sempre, disse-lhe:
-Tu aí, ó velhote, vê lá se ainda tens forças para proteger esta gente, pois vou por aqui divertir-me.
Deus respondeu-lhe, enfadado:
-Ora desaparece, que não tenho tempo para disparates.
Mas já o Cavalum partia, achando que o aviso era suficiente.
Provocou ventos!!! Provocou chuvas!!! Juntando isto e aquilo, rapidamente formou uma grande e feroz tempestade sobre a zona, terra e mar.
O povo, afligido, fugia, tentando proteger-se, aos seus e seus pertences.
Satisfeito, o Cavalum observava, de alto, o caos que provocara.
Deus, por seu lado, enrolado em mantas junto ao lume, esperava que o Cavalum se cansasse da brincadeira.
E o Cavalum rejubilava…
Continuou a confusão até que o próprio crucifixo da igreja foi arrastado até ao mar…
Deus, indignado agora, levantou-se, decidido a por termo ao desastre.
Logo, um barco no mar consegue recolher a cruz. E o sol, aparecendo chamado por Ele, afastou ventos e trovoadas.
O povo então acalmou…
E Deus, para acabar com as diabices do Cavalum, prendeu-o numas grutas próximas. Aí, ficou retido o diabo, praguejando furioso.
Diz o povo que, desde então, em dias de grande tormenta, se ouvem as patadas e gritos do monstro, tentando sair das Furnas do Cavalum onde foi preso por Deus.
Se em visita ao Machico
Ouvires grande tormenta
É o Cavalum nas Furnas
É o diabo que tenta…