As muitas cores de Câmara de Lobos

Os xavelhas pintalgam de cores vivas a baía azul. Não há que enganar, esta é uma terra de pescadores que vivem maioritariamente no ilhéu de Câmara de Lobos, um rochedo sobranceiro ao mar que se assemelha a uma ilha.

Aqui come-se o peixe espada preto e a gata – que não é mamífero mas sim peixe de mares profundos – pescada nas águas que cercam a ilha e posto a secar antes de ter como destino o prato.

Esta foi a primeira povoação da Madeira. Em Câmara de Lobos montou residência Gonçalves Zarco, o navegador que descobriu a ilha, logo em 1420, mas dos primórdios da história madeirense apenas ficou o convento de São Bernardino, começado a construir apenas cinco anos depois.

A Câmara é de Lobos – diz-se – porque quando os navegadores chegaram ao local depararam-se com uma importante colónia de lobos-marinhos que agora só se deixam ver esporadicamente. Contemporânea é a Capela de Nossa Senhora da Conceição, mas sofreu profundas alterações no século XVIII.

Em Câmara de Lobos há que subir ao Pico da Torre para melhor perceber a configuração da baía e da povoação que a abraça. E ainda ir até ao sítio da Trincheira ver o forno da cal que lá existe e que, recuperado, é um dos pontos de visita obrigatória.

Depois, é tempo de sair da cidade e rumar a Estreito de Câmara de Lobos, a localidade que muda de cor duas vezes por ano. Esta é a terra do Madeira, o vinho que ganhou fama mundo fora e que foi das primeiras produções dos colonos. Apenas 25 anos após a descoberta da ilha já era embarcado pela primeira vez para o continente e a sua história confunde-se com a da Madeira. Este foi o vinho utilizado para comemorar a declaração de independência dos Estados Unidos. E por causa da vinha, Estreiro de Câmara de Lobos muda de cor duas vezes por ano, ganhando as tonalidades verdes ou arroxeadas das parras.

Conta-se que foi aqui, num pequeno bar que daria lugar ao restaurante “As Vides”, que terá nascido a célebre espetada da Madeira. E já que falamos de bebida e comida, saiba-se que é em Jardim da Serra o único local da ilha onde a cereja cresce.

Termine-se a visita com uma paragem no Cabo Girão de onde, por ser o segundo promontório à beira-mar mais alto do mundo, deixa ver dos seus 580 metros de altitude uma vista que se espraia de Câmara de Lobos à baía do Funchal.

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