As bifanas de lamber o beiço

Há decisões políticas que determinam os destinos de vilas e cidades e outras há que as fazem nascer. É o caso de Vendas Novas que, quando D. João III instituiu a Posta Sul e mandou rasgar estradas pelo Alentejo em direção a Montemor, foi local escolhido para uma estalagem onde a real comitiva pudesse pernoitar quando ia à caça. A estalagem fez-se e a povoação cresceu à sua volta e muito mais tarde tornou-se célebre pelas bifanas de secreta receita.

Houve uma outra decisão real que também moldou o futuro de Vendas Novas. A troca de princesas entre Castela e Portugal para que viessem a casar com os senhores dos tronos ou seus herdeiros, habitual moeda de troca para garantir a paz entre os dois reinos.

Em 1728, D. João V manda construir um palácio real em Vendas Novas para que D. Bárbara, sua filha, aí pernoitasse duas noites a caminho do Caia, onde iria desposar Fernando VI de Castela. No regresso, a comitiva traria D. Mariana Vitória para casar com o futuro rei D. José I. A história regista este episódio como a troca de princesas e o palácio real construído no tempo recorde de um ano é por todos conhecido como o Palácio das Passagens.

A história é interessante e vem ao caso porque em Vendas Novas o Palácio das Passagens é motivo de visita não apenas para se conhecer a Capela Real, os frescos dos seus tetos, e o Palácio Real de Caça, mas também o museu da Escola Prática de Artilharia. A unidade militar ocupa quase todo o edifício, mas há partes que são visitáveis.

Em Vendas Novas a paisagem é tipicamente alentejana e por isso não é de estranhar que as piscinas municipais que convidam ao mergulho sejam apresentadas como um oásis e que haja tanto esmero com o jardim municipal.

Às piscinas, convém ir antes de nos perdermos com as únicas bifanas de Vendas Novas que há mais de 30 anos fazem as delícias de todos quantos por lá passam e que hoje são marca registada. Para as degustar, o local ideal é na zona da Boavista, à entrada da cidade.

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