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No alto da serra de onde saiu um tesouro

Real Fábrica do Gelo na serra de Montejunto

No cume da serra de Montejunto estão as ruínas do Convento dos Dominicanos, o primeiro daquela Ordem em Portugal, do século XIII. Ali perto, ergue-se a Capela de Nossa Senhora das Neves, anterior ao convento, mas que se mantém. Dos dois, a vista perde-se pelos campos da Estremadura. Mas há mais para ver na serra e no Cadaval.

Um dos mais interessantes vestígios do nosso passado que se encontra na Serra de Montejunto é a Real Fábrica de Gelo, que se destinava a abastecer a corte de Lisboa e alguns cafés, como o Martinho da Arcada. Apesar de ter parado a sua laboração em 1885, a sua estrutura continua percetível. Lá estão os tanques de congelação, ou geleiras, a área de elevação e distribuição de água e os poços de gelo.

Todas as noites, a água era colocada nas geleiras, pouco profundas, e o ar frio do alto da serra encarregava-se de fazer gelo, que era depois partido e transportado para os poços de gelo onde era compactado até fazer a viagem rumo à capital do reino.

Ainda  na serra, há que visitar o Castro de Pragança, habitado desde o neolítico final e que só foi abandonado já depois da romanização. Aqui, em 1934, o filho de um moleiro descobriu um tesouro que hoje está em exposição no Museu Nacional de Arqueologia, mas cujas réplicas estão expostas no Museu Municipal do Cadaval, um espaço museológico onde se conta a história do território e das suas gentes.

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Jorge Montez: Nasceu e fez-se jornalista em Lisboa, mas quando o século ainda era outro decidiu mudar-se de armas e bagagens para Viana do Castelo. É repórter. Viveu três meses em Sarajevo quando os Balcãs estavam a aprender os primeiros passos da paz, ouviu o som mais íntimo da terra na erupção da Ilha do Fogo e passou cerca de um ano pelos caminhos do Oriente.
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