Islândia: terra do fogo e do gelo
Terra do fogo e do gelo, a Islândia é um dos mais belos lugares do mundo. Território de contrastes, é um país para conhecer devagar.
Na Islândia, a natureza resolveu testar todas as suas cores primordiais. Temos o negro da lava, o vermelho dos vulcões e do sol da meia-noite. Temos o ocre da terra e o branco do gelo e dos glaciares. E deparamo-nos com o verde dos prados onde cavalos e cabras apascentam.
O que mais surpreende são as mudanças abruptas de paisagem. Passamos quilómetros a nada mais ver do que um imenso campo de lava, mas no segundo seguinte somos inundados pelo verde viçoso dos prados a que não falta água.
Por causa destes contrastes, mas também pelas casas de cores coloridas, a Islândia é um país fortemente fotogénico, até porque é quase constante a presença de nuvens a ajudar ao dramatismo da fotografia.
Os quatro elementos na Islândia
A água é um elemento primordial. Seja o rico Atlântico Norte que empresta aos ilhéus a sua principal riqueza, sejam os rios alimentados pelo degelo ou os lençóis freáticos aquecidos pela energia geotérmica. Há um número que todos os islandeses conhecem: 73º; a temperatura a que a água chega às torneiras aquecida pelo magma a 2000 metros de profundidade.
O fogo, a água, o ar e a terra. É aqui que os quatro elementos se mostram em toda a sua plenitude, numa batalha diária que deixa marcas na paisagem para deslumbre de todos quantos visitam a Islândia.
Como visitar a Islândia
Em Reykjavik habitam mais de 2 terços dos 319 mil habitantes do país, e onde ainda conseguimos ver bandos de miúdos a brincar nas ruas. Após seis meses de uma noite invernosa, os habitantes de Reykjavik celebram o sol nos mais pequenos gestos do quotidiano. Todos os momentos são bons para aproveitar os raios retemperadores depois de um inverno rigoroso. Mesmo de noite evitam-se os cortinados opacos e são translúcidos os que protegem as casas apenas de olhares indiscretos. Reyklavik é uma cidade colorida e calma, onde a vida flui sem pressas.
A melhor maneira de visitar a Islândia é alugando um carro
A melhor maneira de visitar a Islândia é fazê-lo alugando um carro e percorrendo a estrada nº1, que circunda a ilha pelo litoral e que nos leva perto da maioria das atrações naturais do país. Fizemo-lo em 7 dias, mas gastaríamos à vontade 14 dias, porque as paisagens são deslumbrantes e o país, acho que já o disse, deve ser visto com calma.
O Golden Circle
Mas antes de dar a volta à ilha, temos obrigatoriamente de fazer o Golden Circle, um conjunto de atrações nos arredores de Reykjavik.
É assim que começa um dia bem passado, com uma estada na Blue Lagoon, a mais conhecida das piscinas termais islandesas, onde podemos relaxar nas águas azuis que têm uma temperatura constante de 38 graus Celcius e onde podemos aproveitar para cobrir o corpo de sílica. É melhor reservar com antecedência e ir ao princípio da manhã ou ao final da tarde.
O passeio pelo Golden Circle levou-me depois às impressionantes cataratas de Gulfoss, que congelam de inverno e que nos meses de sol têm um permanente arco-íris sobre elas. Esse arco-íris será uma das razões do nome da dupla cascata, uma vez que Gulfoss quer dizer cascata de ouro. A caminho, os verdes intensos dos prados contrastam com o negro dos campos de lava.
Local a não perder é o Geysir, no vale de Haukadalur, a 110 quilómetros da capital islandesa. Neste que é um dos locais com maior atividade geotérmica do país, está aquele que é o maior geyser do mundo e que dá o nome ao local.
Mas o Geysir está inativo há já algum tempo, mas o Strokkur faz as delícias dos visitantes. Este geiser lança os seus jatos de vapor de água a uma altura de 30 metros de altura com uma regularidade impressionante. A cada 5 ou 6 minutos, o espetáculo é garantido.
Perto dos dois, está a cratera de Kerid, com um lago no seu interior, de águas profundamente azuis.
Finalmente, temos de rumar até à região de Reykjanes dos poucos fenómenos geológicos que são percetíveis a todos. É nesta zona que está a fissura de Silfra. Aqui, podemos observar a deriva dos continentes. A fissura separa a placa tectónica americana da euroasiática, que se afastam paulatinamente a uma velocidade de dois centímetros por ano.
Volta à Islândia
Conhecido o Golden Circle, é tempo de seguir para norte pela estrada número 1, a Ring Road que contorna a Islândia. Tem cerca de 1.330 quilómetros e na sua grande maioria tem bom piso, mas alguns troços não estão asfaltados.
Escolhi avançar para norte, percorrendo a estrada que fica sem trânsito pouco depois da saída de Reykjavik. O caminho tem de se fazer devagar, não só porque é assim que melhor se vê o país, mas também porque a estrada é sobre-elevada em relação ao terreno por causa da neve. É preciso ter também em atenção que a maioria das pontes tem apenas uma faixa de rodagem, pelo que se deve ter sempre em atenção se vem trânsito no sentido contrário.
Já na parte norte da Islândia, devemos pôr o pisca para a esquerda e virar para a estrada que segue em direção a Húsavík, a pequena vila piscatória que hoje vive fundamentalmente da observação dos cetáceos.
Embarcar numa traineira, vestir o fato protetor (porque a água é fria) e fazer-me ao mar à procura de baleias foi das boas experiências da minha vida.
Aqui em Húsavík há muito boas probabilidades de vermos os maiores mamíferos do mundo, e as baleias jubarte fizeram-me a vontade. Durante não sei quanto tempo – porque o tempo, nestes casos, como que para – vi duas baleias a recriarem-se no mar, uma delas passando tão perto do barco que deu para ver que era maior que a embarcação, voltar a mergulhar, mostrando-nos a sua cauda majestosa. Uma experiência a não perder.
Uma viagem pela Ring Road leva-nos perto das principais maravilhas da Islândia e a apreciar as paisagens únicas deste país único.