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A Casa Amarela de Casal de São Simão – Figueiró dos Vinhos

O verde vale e o casario

No terraço, a vista perde-se pelo vale, anotando os muitos verdes e o casario de xisto mesmo ali ao lado. A Casa Amarela, em Casal de São Simão, é um alojamento local decorado com amor, que nos faz sentir em casa.




Em Casal de São Simão, sente-se a ternura posta na recuperação das casas. São pequenos pormenores de gente que construiu o seu paraíso numa aldeia tradicional e de belo enquadramento paisagístico. É nitidamente o caso da Casa Amarela, propriedade de um casal que se apaixonou pelo casario de xisto e pela localização única da aldeia de Figueiró dos Vinhos.

A varanda convida

Com um quarto de casal e um duplo, a Casa Amarela é um alojamento onde nos sentimos verdadeiramente em casa, pelo cuidado posto na decoração. Ao invés do que normalmente acontece, os proprietários decoraram o espaço como se a fossem habitar. No entanto, mal a porta se abre, é o exterior que capta a atenção, com o verde do vale do Alge a encantar-nos e a guiar os passos para o terraço semi-coberto.

A nossa visita foi posterior ao incêndio de 17 de junho. Com esta série de reportagens, mos-tramos que continua a ser possível ter boas experiências na zona afetada. Fazer turismo também pode ser uma forma de solidariedade

O cuidado nos detalhes

É preciso inspirarmos profundamente o ar puro para que o vale nos largue. Só então se dá atenção à ampla sala de tons neutros, onde uma salamandra é a peça de destaque. A decoração é minimalista mas atenta. “Quando estávamos a decorar a casa, a minha filha disse-me para não pôr apenas coisas de que gostasse, mas é exatamente por o ter feito que a casa ficou tão agradável”, diz Elsa Mourão, a proprietária. Este é o espaço para ler um bom livro, ver um dvd ou simplesmente olhar pela janela.

A casa tem dois quartos e duas casas de banho completas. Completa é também a cozinha, onde se encontra tudo para cozinhar. Tem placa de indução, microondas, chaleira eléctrica, triturador, torradeira, máquina para café de filtro e espremedor de citrinos. A casa é alugada sem pequeno-almoço, mas no frigorífico e nos armários há pequenos mimos que são deixados para os hóspedes.

Quando pernoitámos na Casa Amarela, tínhamos sumos, cerveja, café, queijo fresco, um doce caseiro e até cinco ovos.

O prazer colocado em tudo vê-se até no pormenor de todas as toalhas terem o logotipo da Casa Amarela.

E não é por acaso que a imagem de marca é uma casa sorridente. António e Elsa Mourão, os proprietários descobriram a aldeia no outono chuvoso de 2005, com as valas abertas e ruas enlameadas e imediatamente se apaixonaram por ela. Em 2006 já tinham a casa comprada. “Era a casa da família mais abastada da aldeia e, por isso, a única que não era de pedra. Era uma casa horrível, com uma cozinha sem janelas onde cozinhavam num lume no chão e as paredes estavam todas escurecidas pelo fumo; tinha uma casa de banho que não funcionava e nunca tinha sido utilizada, servia só para mostrar”.

Elsa Mourão diverte-se a contar a epopeia. Começaram por pintar as paredes de amarelo para esconderem o fumo e é daí que vem o nome com que ficou e que hoje é apenas uma memória.

A construção era tão má que cedo perceberam que não tinham outra alternativa senão demolir a casa original e construir a nova. A casa nunca foi pensada como segunda habitação, mas a verdade é que a família acabou por adaptar a adega e fazer um estúdio para si.

Este é um espaço a que facilmente chamamos casa quando aqui chegamos no final de uma caminhada pelo vale do Alge, sempre a descer até às fragas de São Simão e à praia fluvial, e depois de regresso subindo a outra encosta e vindo diretos à Casa Amarela.

A Casa Amarela é alugada sem pequeno almoço e com toda a cozinha à disposição. Mas em Casal de São Simão, a apenas uns metros da casa, temos o Varandas do Casal, um excelente restaurante onde Maria Antunes prepara com mãos de mestre pratos como a chanfana ou a tiborna de bacalhau e em que as sobremesas são feitas em forno de lenha.

A Casa Amarela apenas aceita reservas para um mínimo de duas noites. O preço por noite é de 80€ para uma ou duas pessoas ou 110€ para 3 ou 4 pessoas, mas estadias superiores a 3 noites usufruem de um desconto de 10 por cento, igual ao que é feito para clientes que queiram regressar. As reservas podem ser feitas aqui. Vale mesmo a pena conhecer a aldeia, o vale e a casa.

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Jorge Montez (texto) Miguel Montez (imagem): Jorge Montez nasceu e fez-se jornalista em Lisboa, mas quando o século ainda era outro decidiu mudar-se de armas e bagagens para Viana do Castelo. É repórter. Viveu três meses em Sarajevo quando os Balcãs estavam a aprender os primeiros passos da paz, ouviu o som mais íntimo da terra na erupção da Ilha do Fogo e passou cerca de um ano pelos caminhos do Oriente.
Miguel Montez - Mesmo quando não está com a máquina pensa nas cores e nos enquadramentos. A fotografia é paixão e vai ser profissão. É curioso por natureza. Gosta de conhecer locais e pessoas e delicia-se quando descobre sabores novos. Este é um projeto à sua medida. Já foi voluntário no estrangeiro e tocou em festivais de música.

Ver comentários (1)

  • Muito interessante a reportagem.
    conhecemos o Casal de S Simão e a sua historia de recuperação

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