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E-bike by Tobogã: a serra ao alcance de todos

Fazer 16 quilómetros de bicileta em montanha não é para todos. Ou melhor, não era para todos. As e-bike que a Tobogã disponibiliza em Ponte da Barca tornam todos em atletas. Com elas, é possível a qualquer um percorrer os trilhos da Serra Amarela, no Parque Nacional Peneda Gerês.




Não é usual iniciar-se um artigo por fazer referência ao seu autor, mas julgo que esta é daquelas poucas ocasiões em que tal se justifica.

Comecemos por uma breve descrição: tenho 55 anos e uma barriguinha de conforto, sendo que nos últimos tempos tenho-me dedicado mais ao desporto na televisão do que às caminhadas que têm de continuar a ser parte importante da minha vida. Não sou, portanto, aquilo que se pode chamar um homem em forma.

Mesmo com a barriguinha, consegui andar de biclieta pela montanha

Porque é que isto é importante? Porque escrevo este artigo depois de dois dias na natureza em que os monitores da Tobogã puxaram pelo meu corpo como há muito não acontecia. No final do primeiro dia, depois de 3 horas a fazer canyoning pelo leito da ribeira da Carcerelha, em plena Serra Amarela, sentia músculos que já não me lembrava que existiam.

E mesmo assim, doridos (porque o Miguel Montez também não se safou da sova de caminhada, rapels e slides nas cascatas), marcámos encontro para o outro dia pela manhã para andarmos de bicicleta.

A Tobogã, empresa de desportos da natureza sediada em Entre-Ambos-os Rios, Ponte da Barca, tinha-nos aliciado com a ideia de que a e-bike faz quase todo o trabalho”.

Não será tanto assim, mas torna possível uma aventura que nem nos meus melhores sonhos julguei ser possível: Transpor encostas e trepar por caminhos durante 16 quilómetros.

As e-bike da Tobogã são biciletas KTM de 2018 de volumosos pneus e quadro dinâmico de 125mm auxiliadas por um potente motor elétrico. E é este último pormenor que faz toda a diferença.

O motor eléctrico potencia até 300 vezes a pedalada, permitindo que mesmo os menos preparados consigam ultrapassar as mais íngremes subidas.

É preciso fazer esforço, é certo, porque o motor eléctrico não se substitui à pedalada, apenas a potência. E isso é o seu melhor.

Um passeio até lá ao altto
por caminhos e veredas
sempre a pedalar
e com tempo para apreciar a paisagem

Que graça teria metermo-nos na bicicleta e deixar que ela fizesse todo o trabalho por nós. O bom mesmo é chegarmos ao cimo da vereda, sentirmos os músculos cansados e termos a sensação de que acabámos de transpor um obstáculo.

A Tobogã tem no seu portfólio vários percursos. É possível fazer, sempre com guia e monitor, o Caminho de Santiago ou a travessia do Parque Nacional Peneda-Gerês, mas aqueles com menos preparação ou tempo podem optar por vários passeios nas encostas da Serra Amarela , com preços a partir dos 65€ por pessoa.

O percurso leva-nos a atravessar aldeias serranas

Claro está que, depois da esfrega do canyoning no dia anterior, o pessoal da Tobogã optou por nos levar a fazer o percurso mais pequeno, e com algumas alterações, porque parámos várias vezes pelo caminho para filmarmos e fotografarmos.

Esta é uma experiência que conselhamos vivamente a todos quantos gostam de natureza e que vamos repetir de certeza.

Fazer canyoning no rio

O canyoning não tem a ver com canoas, mas sim com a palavra inglesa para desfiladeiro: canyon. Não é mais do que a prática de descer rios andando pelos seus leitos e vencendo os obstáculos

No primeiro dos dois dias que passámos com o pessoal da Tobogã, levaram-nos a descer um troço da ribeira da Carcerelha, lá bem no alto da Serra Amarela, a caminho de Germil.

Equipados a rigor, com umas botas que fazem tanta tracção que necessitam de habituação em seco, fatos de neopreno e capacete, a passagem dos obstáculos foi sempre entusiasmante e desafiante, mas graças ao pessoal da Tobogã, feita com toda a segurança. É divertido e cansativo, sendo que no final do percurso parecíamos meninos tolos a quem não conseguiam retirar o sorriso.

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Jorge Montez (texto) Miguel Montez (imagem): Jorge Montez nasceu e fez-se jornalista em Lisboa, mas quando o século ainda era outro decidiu mudar-se de armas e bagagens para Viana do Castelo. É repórter. Viveu três meses em Sarajevo quando os Balcãs estavam a aprender os primeiros passos da paz, ouviu o som mais íntimo da terra na erupção da Ilha do Fogo e passou cerca de um ano pelos caminhos do Oriente.
Miguel Montez - Mesmo quando não está com a máquina pensa nas cores e nos enquadramentos. A fotografia é paixão e vai ser profissão. É curioso por natureza. Gosta de conhecer locais e pessoas e delicia-se quando descobre sabores novos. Este é um projeto à sua medida. Já foi voluntário no estrangeiro e tocou em festivais de música.
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