Portugal de Lés a Lés

 

A lenda do Manto de Santo António – Monchique

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Numa aldeia do Concelho de Monchique vivia uma jovem amargurada por não conseguir casamento. Já desesperada, prometeu fazer um manto para a imagem de Santo António que existia num nicho à entrada da aldeia.

Ofereceu-lhe a moça uma manto azul bordado a ouro. E satisfez-lhe o gosto o Santo casamenteiro. Mas nem o ouro sobre azul a protegeu. O marido era rude, agressivo, molestando-a com ameaças constantes. A rapariga vivia apavorada e muito mais ficou quando descobriu que estava grávida.

No meio de maus tratos, nasceu finalmente uma menina, que foi crescendo entre medo e lágrimas.

Com 8 anos de idade e cansada de tanto medo e sofrimento, a criança, saiu de casa cedinho e foi ajoelhar junto ao nicho de Santo António do qual era fiel devota. E na fala simples das crianças, falou ao Santo, pedindo a felicidade da família e o fim de tantos receios e agressões, prometendo ao Santo que nunca lhe faltariam as flores.

Tanto rezou que perdeu a noção do tempo. De súbito, assustou-se ao sentir alguém que lhe falava baixinho. Era um homem  desconhecido, estranho e tranquilo, que lhe disse ter fome e sede e precisar de descansar.

A pequena nem hesitou, tomou-lhe a mão e levou-o para sua casa, avisando-o para não se assustar com os gritos do pai.

Tinha razão a menina já que o pai ficou colérico e não conteve as palavras duras.

Enquanto esperava pela comida, o desconhecido falou ao homem de tal forma que este sentiu vir-lhe uma grande paz, prometendo modificar o seu comportamento. E logo ali começou, retirando-se para a cozinha da casa para ajudar a esposa.

Voltando com o alimento, foi o casal surpreendido pela ausência do estranho.

Na sala, no local onde estivera, ficara uma pequena estátua de Santo António, em tudo semelhante à do nicho da entrada da aldeia. Neste, a partir de então, não mais faltaram as flores.

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Isabel Cruz: Lisboeta, saltitou na vida adulta por aqui e por ali, até que “aterrou” no Minho numa aldeia com oceano, rio e montanha. Bióloga de formação, adora o mar e mergulhar em reinos de fantasia. Descobriu que gosta de fazer crónicas e colabora na promoção de uma Associação Musical local. Sempre a achar que há muito mais a descobrir.
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