Numa aldeia do Concelho de Monchique vivia uma jovem amargurada por não conseguir casamento. Já desesperada, prometeu fazer um manto para a imagem de Santo António que existia num nicho à entrada da aldeia.
Ofereceu-lhe a moça uma manto azul bordado a ouro. E satisfez-lhe o gosto o Santo casamenteiro. Mas nem o ouro sobre azul a protegeu. O marido era rude, agressivo, molestando-a com ameaças constantes. A rapariga vivia apavorada e muito mais ficou quando descobriu que estava grávida.
No meio de maus tratos, nasceu finalmente uma menina, que foi crescendo entre medo e lágrimas.
Com 8 anos de idade e cansada de tanto medo e sofrimento, a criança, saiu de casa cedinho e foi ajoelhar junto ao nicho de Santo António do qual era fiel devota. E na fala simples das crianças, falou ao Santo, pedindo a felicidade da família e o fim de tantos receios e agressões, prometendo ao Santo que nunca lhe faltariam as flores.
Tanto rezou que perdeu a noção do tempo. De súbito, assustou-se ao sentir alguém que lhe falava baixinho. Era um homem desconhecido, estranho e tranquilo, que lhe disse ter fome e sede e precisar de descansar.
A pequena nem hesitou, tomou-lhe a mão e levou-o para sua casa, avisando-o para não se assustar com os gritos do pai.
Tinha razão a menina já que o pai ficou colérico e não conteve as palavras duras.
Enquanto esperava pela comida, o desconhecido falou ao homem de tal forma que este sentiu vir-lhe uma grande paz, prometendo modificar o seu comportamento. E logo ali começou, retirando-se para a cozinha da casa para ajudar a esposa.
Voltando com o alimento, foi o casal surpreendido pela ausência do estranho.
Na sala, no local onde estivera, ficara uma pequena estátua de Santo António, em tudo semelhante à do nicho da entrada da aldeia. Neste, a partir de então, não mais faltaram as flores.