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Que nome tão bem escolhido: Graciosa!

Ilha Graciosa, Açores

A Graciosa pode fazer-se a pé, sem pressas, que a paisagem da mais pequena das ilhas do grupo central dos Açores tem muito para ver. Dos moinhos de cúpula encarnada à furna do enxofre, do casario de Santa Cruz da Graciosa ao Paínho-das-Tempestades-de-Monteiro.

O nome foi bem posto. É graciosa esta ilha de solos vulcânicos, vinhedos e prados verdejantes e que o homem não estragou. Santa Cruz da Graciosa e o seu centro histórico, com as ruelas e o casario tradicionais, são um bom cartão de visita para quem chega. Antes de se subir ao Monte de Nossa Senhora da Ajuda para apreciar a vila, o mar e a paisagem, conheça-se a Igreja Matriz de Santa Cruz que, sendo do século XVIII tem traços manuelinos e traça barroca mercê dos dois séculos que demorou a ser construída.

Entremos ainda no Museu da Graciosa para ver uma casa típica, a adega e instrumentos ligados aos ofícios tradicionais. Os fortes e fortins que protegiam a Graciosa de ataques de piratas e corsários na sua maior parte já desapareceram mas é aqui que está preservada a sua memória e uma coleção dos canhões que outrora apontavam ao mar.

No outro extremo da ilha, entremos nas termas sulfurosas quentes de Carapacho com as suas piscinas naturais.

Nos caminhos da Graciosa, o verde da paisagem é pontuado pela vintena de moinhos de vento de cúpulas vermelhas de traça flamenga. Um ou outro Paínho-das-Tempestades-de-Monteiro, espécie endémica que nidifica nos ilhéus fronteiros à Graciosa, o de Baixo e o da Praia, pode mesmo fazer-nos companhia por momentos.

Vamos a caminho do mais importante monumento natural da ilha, a Furna do Enxofre com o seu teto de abóbada perfeita. O acesso a esta caverna lávica é considerado único no panorama vulcano espeleológico internacional e no seu interior o lago de águas frias cohabita com a fumarola com lava e com emanações difusas e dióxido de carbono que se libertam de vários pontos do solo. Conheçamos ao que vamos no Centro de Visitantes e depois desçamos os 182 degraus da escada em caracol que nos leva ao centro da terra. Mesmo ali ao lado está à Caldeira da Graciosa.

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Jorge Montez: Nasceu e fez-se jornalista em Lisboa, mas quando o século ainda era outro decidiu mudar-se de armas e bagagens para Viana do Castelo. É repórter. Viveu três meses em Sarajevo quando os Balcãs estavam a aprender os primeiros passos da paz, ouviu o som mais íntimo da terra na erupção da Ilha do Fogo e passou cerca de um ano pelos caminhos do Oriente.
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