Portugal de Lés a Lés

 

Museu do Ar para miúdos e graúdos

"Estou no Universo!"

O Museu do Ar, instalado na Base Aérea de Sintra, conta a história da aeronáutica em Portugal e faz a delícia de miúdos e graúdos. Este é um museu para todas as idades.




Tem já 50 anos mas não mostra a idade que tem. O Museu do Ar é sinónimo de uma tarde bem passada. Desde 2009 na Base Aérea de Sintra – mas com pólos em Alverca e Ovar – mostra mais de 40 aeronaves dos primórdios da aviação em Portugal até quase aos nossos dias.

Este é um espaço muito bem cuidado e com uma grande preocupação com a informação que é disponibilizada aos visitantes. Porque depois do primeiro impacto dos aviões, há que querer saber mais.

O voo de João Torto

É de 1540 aquela que será a primeira tentativa documentada de voo em Portugal.

João Torto, de seu nome completo João de Almeida Torto, atirou-se do alto de uma das torres da Sé de Viseu.

Este enfermeiro do Hospital de Santo António de Viseu, mestre barbeiro com carta de sangrador e também astrólogo e mestre de primeiras letras, era um visionário.

Conta o padre Henrique Cid que no dia 20 de junho de 1540, João Torto equipou-se com “sapatos de sola tríplice havendo entre elas espaços para atenuar a queda” e um “barrete do feitio de uma cabeça de pássaro com um bico enorme e aberto” e pegou nas suas “asas feitiças” de “pano forte e duplo” para voar.

Às 5 da manhã saltou de uma das torres de Viseu com o objetivo de alcançar o Campo de São Mateus.

João Torto conseguiu mesmo voar, aterrando de pé no telhado da capela de São Luís, mas depois caiu desamparado e acabou por morrer.

Aqui, os visitantes poderão ver aviões e helicópteros, entrar em alguns deles, e até experimentar simuladores de voo, dos utilizados na formação de pilotos aos mais lúdicos.

O museu está instalado em 3 hangares logo à entrada da Base Aérea nº1, em Sintra. Ao transpor a porta, o visitante depara-se logo com um enorme Juncker suspenso. Está dado o mote: esta é uma visita em que nos vamos surpreender.

E supreendemo-nos não apenas pela disposição das aeronaves, mas também pelo seu estado de conservação. Falamos de aviões e helicópteros que – na sua imensa maioria – já não estão ao serviço – mas que brilham como novos.

Em entrevista ao Portugal de Lés a Lés, o diretor do Museu do Ar – coronel Rui Roque – reafirma a importância da coleção existente nos 3 pólos que é considerada por especialistas internacionais “uma das melhores da Europa”. As “mais de 40 aeronaves estão expostas de forma temática mas também cronológica”. No museu, é contada “toda a história da vontade de voar em Portugal”, desde as primeiras tentativas até quase à atualidade.

O paraquedista e o Juncker de fabrico alemão

O Museu do Ar não é um espaço dedicado à Força Aérea, mas à história da aviação militar e civil em Portugal. Por isso, tem espaços expositivos da responsabilidade da TAP e também da ANA – Aeroportos e Navegação Aérea.

A meio dos 3 hangares, há uma cafetaria envidraçada com vista sobre as pistas da Base Aérea, permitindo ao visitante poder observar as operações e, quem sabe, a evolução dos aviões.

O pólo de Alverca já conhecíamos, mas as instalações de Sintra foram por nós visitadas pela primeira vez no dia da Base Aberta da Base Aérea nº1.

Vimos, portanto, um museu tomado de assalto por milhares de pessoas. Não pudemos, assim, usufruir de cada equipamento, entrar nos aviões e helicópteros, experimentar os simuladores de voo.

Mas tivemos uma experiência fantástica, que foi a de perceber o entusiasmo com que os mais novos se movimentavam. Queriam ver, queriam tocar, queriam experimentar.

Este é um museu feito à medida dos mais novos, mas também de todos os outros. Há os que reconhecem aeronaves e os que se espantam com a fragilidade dos primeiros aviões; os que querem ver tudo ao pormenor e aqueles que só querem experimentar. O Museu do Ar é como o slogan da antiga revista Tintim: “para jovens dos 7 aos 77 anos!”

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Jorge Montez (texto) Miguel Montez (imagem): Jorge Montez nasceu e fez-se jornalista em Lisboa, mas quando o século ainda era outro decidiu mudar-se de armas e bagagens para Viana do Castelo. É repórter. Viveu três meses em Sarajevo quando os Balcãs estavam a aprender os primeiros passos da paz, ouviu o som mais íntimo da terra na erupção da Ilha do Fogo e passou cerca de um ano pelos caminhos do Oriente.
Miguel Montez - Mesmo quando não está com a máquina pensa nas cores e nos enquadramentos. A fotografia é paixão e vai ser profissão. É curioso por natureza. Gosta de conhecer locais e pessoas e delicia-se quando descobre sabores novos. Este é um projeto à sua medida. Já foi voluntário no estrangeiro e tocou em festivais de música.
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