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Entre serras e rios se descobre Carregal do Sal

Sepultura antropomórfica em Carregal do Sal

Incrustado entre as serras da Estrela e do Caramulo, este é um território de inclinações amenas, marcado pelos vales dos rios que lhe fazem fronteira, o Mondego e o Dão. Terra de vinhos e de boa gastronomia beirã, Carregal do Sal é bafejado por uma natureza pujante e uma história rica.

Carregal do Sal nunca teve salinas, se bem que tenha ainda hoje um lugar com esse nome. Mas foi entreposto de sal, que vinha da Figueira da Foz rio acima e depois era levado por carros de bois até ao local onde era depositado em enormes tulhas.

Está desfeito o mistério. Partamos à descoberta da terra, podendo fazê-lo pelos vários percursos pedestres que nos levam a ver vestígios pré-históricos ou  da Idade do Ferro. Ou comece-se por Oliveira do Conde e sua Igreja Matriz, obra belíssima que esconde um dos tesouros do renascimento português: o túmulo do Cavaleiro Fernão Gomes de Góis, que “foi executado por João Afonso entre 1439 e 1440”, com as laterais decoradas com imagens de Cristo, dos Apóstolos e dos Reis Magos, vários santos na altura venerados e ainda uma Anunciação. A estátua jazente retrata o cavaleiro com a sua armadura italiana e espada. A seu lado, na pedra tumular, está esculpida uma figura feminina de menores dimensões que se pensa ser a sua mulher.

Em Cabanas de Viriato nasceu e viveu aquele que é o grande herói de Carregal do Sal. Aristides de Sousa Mendes, o Cônsul de Portugal em Bordéus durante a 2ª Guerra Mundial, escreveu pelo seu punho os vistos que permitiram a mais de 30.000 pessoas fugirem do Holocausto Nazi, naquela que é considerada a maior ação de salvamento realizada por uma só pessoa. A sua moradia em Cabanas do Viriato, a Casa do Passal, é monumento nacional e brevemente será museu, aliando-se aqui a importância da arquitetura do edifício ao ato de consciência do seu habitante.

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Jorge Montez: Nasceu e fez-se jornalista em Lisboa, mas quando o século ainda era outro decidiu mudar-se de armas e bagagens para Viana do Castelo. É repórter. Viveu três meses em Sarajevo quando os Balcãs estavam a aprender os primeiros passos da paz, ouviu o som mais íntimo da terra na erupção da Ilha do Fogo e passou cerca de um ano pelos caminhos do Oriente.
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