O Convento da Sertã Hotel, a vila e o centro do país
Junto às verdes margens da ribeira da Sertã e ao parque da Carvalha, o Convento da Sertã Hotel transporta-nos a outros tempos e a outros destinos. Na zona nobre da vila, o hotel de quatro estrelas é o sítio indicado para partir à descoberta do centro do país.
Imagine-se chegar ao final de um dia de passeio e descansar no claustro de um convento saboreando uns caseiros bolinhos de cenoura ou queijadinhas de leite. E, no dia seguinte, depois de uma noite bem dormida, ver o mesmo espaço convertido em sala de pequenos-almoços. É assim o Convento da Sertã Hotel. Este quatro estrelas aposta em proporcionar aos seus hóspedes uma experiência diferente num edifício com muita história e igual conforto.
Os 25 quartos têm nomes ligados à história do edifício e o pormenor de um pequeno pássaro pintado na parede. “Já nos aconteceu hóspedes dizerem-nos que viram o pássaro durante um passeio. É essa a ideia”, conta-nos Inês, uma das rececionistas. O Pisco de peito ruivo, por exemplo, é facilmente reconhecível pela mancha alaranjada que se estende da testa até ao peito e pode ser observado na zona da Sertã nos meses frios.
A nossa visita foi posterior ao incêndio de 17 de junho. Com esta série de reportagens, mos-tramos que continua a ser possível ter boas experiências no centro. O concelho da Sertã não foi atingido, mas o turismo ressentiu-se. Fazer turismo também pode ser uma forma de solidariedade
É com pequenos pormenores que o Convento da Sertã Hotel conquista os seus hóspedes. Como a resguardada piscina ou as compotas caseiras do pequeno-almoço, que é muito à base de produtos regionais e em que toda a pastelaria é caseira. É também essa a ideia do espaço Evasões. Com marcação, é possível relaxar com massagens várias, localizadas ou de corpo inteiro. Há massagem Ayuvédica, de pedras quentes, velas e pré-natal. Neste espaço é possível também fazer tratamentos de rosto e exfoliações marinhas corporais, bem como tratamentos de reiki. E todas as quartas-feiras a antiga capela do convento abre-se para aulas de ioga.
O espaço nobre do hotel é o claustro, onde é possível – por exemplo – ler nos antigos confessionários, mas o espaço de convívio prolonga-se para a elegante sala fronteira, de bons cadeirões, pequena biblioteca e mesa de jogos. O hotel tem 25 quartos, sendo quatro comunicantes dois-a-dois para alojar famílias. Existe um quarto histórico na antiga cozinha do convento , 2 suites, 9 classic e 13 premium.
O convento de Santo António pertencia à Ordem dos Frades Menores. Foram Frei Jerónimo de Jesus e Frei Cristóvão de São José quem o fundou em 1634, tendo as obras começado no ano seguinte. Quando concluído, a sua rica biblioteca permitiu que os frades tivessem um papel fundamental na educação de jovens da região. Em 1772 eram já dadas aulas de latim no interior do edifício e em 1779 a rainha D. Maria I ordenou que aqui se criasse uma “escola de ler, escrever e contar”.
O Grão-Priorado do Crato entrava com uma importante verba para o funcionamento do convento, mas os frades viviam essencialmente de doações e das esmolas que obtinham nas pregações e sermões que faziam nas freguesias do concelho.
Com a extinção das ordens religiosas no século XIX, o convento passou para mãos privadas, tendo sido adquirido pela Câmara nos anos 20 do século passado, tendo sido quartel da GNR e cadeia. Depois de ter estado ao abandono durante mais de 20 anos, foi convertido em hotel em 2013.
Por si só, o Convento da Sertã Hotel já justificava uma visita à Sertã, mas o conselho que lhe darão na receção é que passeie pela vila e pelos arredores. Ao fim e ao cabo, a Sertã está mesmo no centro do Centro de Portugal.
Na vila, as margens da ribeira são um pequeno passeio muito agradável que nos pode levar até às piscinas municipais. Logo à saída do hotel, encontramos o antigo jardim da Carvalha e a ponte filipina do mesmo nome, que ganhou quando no século XVIII eram os carvalhos e não os plátanos a árvore que dava sombra.
Um bom local para o entardecer é o restaurante Ponte Romana, mesmo fronteiro à ponte e – por isso mesmo – com a melhor vista da zona. Aqui podem comer-se petiscos ou pratos regionais e é uma das boas alternativas que existem na Sertã. As outras são os mais tradicionais e conhecidos Ponte Velha e o Santo Amaro.
Escolhemos o Ponte Romana pela vista e as queixadas de porco eram competentes, mas muitos dos convivas petiscavam. E chegámos lá indicados pelo staff do Convento da Sertã Hotel, o que se apraz registar, uma vez que o Santo Amaro e o Ponte Velha fazem parte do mesmo grupo. Mas, como explica Elsa Marçal, a diretora do hotel, “temos uma visão de conjunto na promoção da Sertã e do Centro”.
É por isso que o hotel mandou fazer um mapa turístico da região centro onde inclui várias alternativas de alojamento, as aldeias de xisto, praias fluviais, miradouros e outros pontos de interesse. E é por isso também que propõe aos seus hóspedes quatro passeios de um dia que têm a Sertã como centro, mas que entram profundamente pelos vários concelhos da zona do Pinhal Interior.
É assim que quem seguir os conselhos do hotel poderá conhecer a aldeia de xisto da Figueira, em Proença-a-Nova e – se for fim-de-semana – comer no Casa Ti Augusta. Ou seguir a Figueiró dos Vinhos e passear pelo vale do Alge, pelo Casal de São Simão e provar a Tiborna de Bacalhau do A Varanda do Casal.
A Sertã está mesmo ao lado do centro geodésico de Portugal, em Vila de Rei, e está equidistante de Porto e Lisboa (pouco mais de 180 quilómetros), sendo servida por boas acessibilidades.