Praia do Alamal: reserva natural de tranquilidade

O castelo de Belver lá está no topo da mais alta das colinas, ali onde o Tejo faz uma curva, emprestando um toque de magia a um cenário que parece saído da palete do mais talentoso dos impressionistas. A praia do Alamal, em Gavião, é um oásis muito concorrido no verão e uma autêntica reserva natural da tranquilidade no resto do ano.

Castelo de Belver
O castelo visto do Alamal

A areia foi aqui depositada pelo rio, que no Alamal encontra o único ponto em muitos quilómetros onde a margem não é escarpada. O Homem olhou para a paisagem e decidiu construir um paraíso partilhado. A praia do Alamal é uma praia acessível, com vigilância durante a época balnear, e tem bar-restaurante onde o ‘pecado da gula’ é prato de muita saída.

Entre meados de julho e de setembro este é o ponto mais concorrido do concelho de Gavião. Chegam famílias para apenas passar um dia, campistas que gratuita e legalmente ali podem montar tenda e os hóspedes do Alamal River Club, que aqui encontram uma alternativa de qualidade.

Na praia, podem alugar a sombra de um chapéu de sol de colmo e uma espreguiçadeira. Nas águas do Tejo é possível nadar numa zona delimitada e vigiada, andar de caiaque, alugar uma ‘Gaivota’ a pedais ou fazer os mais prolongados passeios de barco a montante até à zona da colónia de grifos. E em terra, as alternativas passam pelos passeios pedestres para montante ou jusante; até à ponte metálica ou em direção à barragem de Belver. E quem se aloja no hotel tem ainda à sua disposição a piscina.

[Faça-se aqui um parêntesis para falar de como os dinheiros públicos foram aqui bem aplicados. O restaurante e o alojamento foram construídos pelo Município de Gavião e depois concessionados. O passadiço de madeira que bordeja o Tejo em direção à ponte metálica foi também construído pela autarquia e é ainda a edilidade quem permite o campismo no local, apenas a troco de ser informada das datas de chegada e partida. No Gavião, soube-se pegar neste recanto de encanto único e torná-lo num paraíso para muitos.]

E se o sol aperta, viram-se as costas ao rio e percorrem-se os caminhos da Quinta do Alamal, olhando para a paisagem e reconhecendo Sintra, com os caminhos ladeados e sombreados por árvores antigas, as pontes que atravessam a ribeira que desce à procura do Tejo e com as fontes e os tanques de água.




Este é o Alamal de todos, por todos partilhado, por todos fruído. Há risos de crianças, conversas que se cruzam, chapinhares na água e aquele sentimento partilhado de se saberem todos conhecedores de um segredo por muitos sabido. E depois, um dia, mesmo antes do início das aulas, o Alamal acorda silencioso.

A praia continua lá, assim como a natureza e a beleza desta paisagem ímpar, o bar restaurante Alamal está aberto e o Alamar River Club também. Mas o tempo agora é de estudar e as famílias têm de se organizar. É a partir de meados de setembro que quem chega pela estrada que partindo do Gavião serpenteia as colinas recortada por muros de um branco imaculado se sente verdadeiramente especial.

“Aqui no Alamal o tempo não existe”

Há no ar uma atmosfera de total tranquilidade. Mesmo quando nos cruzamos com outros, ao trocarem-se cumprimentos os olhos sorriem como se nos soubéssemos privilegiados por podermos usufruir de tanta beleza e calma.

Passadiço do Alamal
Bons e fáceis passeios

‘Taíta’ Cunha está hospedada no Alamal River Club e diz-nos que “aqui o tempo não existe. Este é o local ideal para desligarmos”. ‘Taíta’ passa os dias a descobrir o concelho, seguindo até Belver, ou apenas “nada fazendo”. E mesmo quando nada faz ocupa os seus dias gozando a piscina da unidade hoteleira ou dando um passeio pelo passadiço que durante cerca de 3 quilómetros bordeja o Tejo em direção à ponte de Belver. Henrique Henriques que, com Catarina Alexandre, está à frente do hotel, reforça essa ideia. “A ideia de termos relógios parados na decoração é mesmo essa: o tempo aqui corre como queremos”.

Aproveite-se para dizer que foi a Henrique Henriques que fomos buscar o título para este artigo. É dele a frase “reserva natural da tranquilidade”. Foi essa junção de uma paisagem única com uma biodiversidade preservada e da calma que se respira na praia que fez com que o casal tomasse em mãos a gestão do Alojamento Local que é, do ponto de vista do cliente, um pequeno e confortável hotel.

passadiço faz parte do percurso de 17 Km "Arribas do Tejo"
Sempre a bordejar o Tejo

Um dos programas preferidos por todos quantos a este pequeno recanto acedem é o passadiço encostado à margem. Largo q.b. e bem cuidado, permite um passeio acessível mesmo a quem não está habituado até junto da ponte de Belver. Este passadiço faz parte do percurso pedestre circular “Arribas do Tejo” de 17 quilómetros, mas os menos aventurosos podem-no fazer apenas para gozar a beleza do Tejo sempre com o castelo de Belver por perto, na outra margem.

A colónia de patos escolhe o Alamal para passar o verão
Era uma vez um pato de bico rachado

O dia seguia calmo no Alamal River Club quando Henrique e Catarina ouviram bater à porta. “Estão a bater” disse um. “Não está lá ninguém”, retorquiu o outro. Mas o toc-toc na porta de vidro continuava. Catarina levantou-se e viu o pato de bico rachado a olhar para ela.
“Aqui no Alamal há uma colónia de mais de vinte patos, mas apenas um passa cá o inverno”, conta Catarina Alexandre. A partir do dia em que bateu à porta, o pato de bico rachado sabe que lá encontra comida e todos os dias faz os 20 metros para a refeição a que se acha em direito.
E como muitas vezes acontece aqui na praia fluvial, também ele fez um amigo, um gato que por ali andava. Durante uns tempos, era vê-los juntos ao pequeno-almoço, o pato e o gato, à janela do bar à espera que um cliente lhes desse um qualquer petisco

Passeios pelo Tejo

Quando o tempo o permite, um passeio pelas águas do Tejo é quase obrigatório. Carlos Marques é o cicerone a bordo de um confortável e ronceiro barco da NauticAlamal, que este é daqueles programas para fazer sem pressas.

A marcação faz-se no bar restaurante Alamal, e a viagem arranca com grupos de seis pessoas. Carlos Marques é um bom contador de histórias e pode levar-nos a ver os ninhos de grifos que há nas escarpas do Tejo a montante. É possível também ir apenas até à ponte ou à barragem.

Pelo caminho, o cicerone vai contando histórias do rio, chamando a atenção para pormenores da paisagem ou ajudando os visitantes a ver a rica avifauna que procura o rio. Mas como sabe que o rio é que é o protagonista do passeio, também deixa que cada um se perca no silêncio contemplativo desta paisagem de sonho

A praia fluvial do Alamal é daqueles casos de amor à primeira vista. É fácil apaixonarmo-nos por este pequeno recanto que exala tranquilidade. E à medida que o vamos descobrindo, que vamos conhecendo o que nos oferece, a paixão transforma-se num amor sereno e verdadeiro.

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