Em Lagos tudo aponta para o mar

Falemos das praias, que o mar é quase tudo em Lagos. Daqui se partiu nas primeiras viagens  de exploração marítima; aqui chegam diariamente os pescadores com os seus barcos carregados do peixe que faz as delícias dos gastrónomos.

Falemos, pois, de praias. Da Meia-Praia à Ponta da Piedade, dos areais extensos ou dos pequenos tesouros entre arribas; das furnas e esculturas que o mar talhou; e de nomes que evocam o que de melhor o Algarve tem para oferecer a quem gosta de sol e mar: Praia da Luz, Dona Ana, Pinhão, Praia do Camilo, Praia Grande, Praia de Porto de Mós.

Mas falemos ainda do que o mar nos traz. Das sardinhas miúdas que fazem as delícias dos veraneantes, comidas a preceito, a pingar em prato de pão . Ou ainda dos segredos mais escondidos que se encontram em tascas de pescadores: as lascas de ovas secas que podem ser de atum, pescada ou polvo; os nacos de polvo, moreia ou lula, também eles secos ao sol e depois assados em fogareiro.

Finalmente, falemos dos que se fizeram ao mar ou que viram no mar a saída. De D. Henrique, o Navegador, mas também de Gil Eannes e tantos outros. Foi de Lagos que partiram as primeiras expedições portuguesas e em Lagos partiu D. Sebastião e o seu exército para o desastre de Alcácer Quibir. A bela cidade de Lagos tem a gesta marítima nos seus edifícios, mas também na sua estatuária, com destaque para o D. Sebastião, de João Cutileiro, e ainda na réplica da caravela Boa Esperança.

E, apesar de Lagos ter sofrido bastante com o terramoto de 1755, há ainda vestígios desse tempo. Talvez o mais interessante seja o antigo Mercado de Escravos. Este verdadeiro ex-libris da cidade alberga uma exposição sobre a ligação da cidade ao tráfico negreiro. Mas também é possível conhecer o Cais das Descobertas, revelado em 2008, e de onde partiram as naus e caravelas portuguesas, ou ainda o edifício do Castelo dos Governadores e a sua janela manuelina de onde – diz a tradição – D. Sebastião terá assistido a uma última missa antes de partir para a morte.

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